O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conquistou a vitória nas primárias presidenciais republicanas em New Hampshire, renovando suas polêmicas promessas de “desmantelar o estado profundo”. Esse movimento, que se aproxima da realidade, está a gerar apreensão entre defensores da ciência nos EUA.

Caso Trump seja reeleito,  promete reviver o controverso Plano Schedule F, destinado a reclassificar dezenas de milhares de funcionários federais, incluindo cientistas, actualmente em posições permanentes protegidas. Esse plano permitiria ao governo demitir mais facilmente os chamados “burocratas rebeldes” que se opõem à sua agenda política, substituindo-os por indicados alinhados politicamente, sem necessidade de expertise técnica ou científica.

Betsy Southerland, ex-cientista ambiental na Agência de Protecção Ambiental dos EUA, destaca que o Plano Schedule F seria “o último ataque ao governo”, eliminando a capacidade de profissionais denunciarem violações de integridade científica, pois qualquer objeção resultaria em demissão.

Joe Biden, em seus primeiros actos como presidente, buscou fortalecer as regras de integridade científica no governo para evitar politização futura da ciência. No entanto, se Trump vencer novamente, há preocupações de que ele reverta essas políticas e siga adiante com sua agenda.

A Suprema Corte, agora dominada por uma maioria conservadora de 6-3, tem chocado a comunidade científica com decisões que restringem regulamentações ambientais e direitos ao aborto. A possibilidade de Trump nomear mais juízes conservadores pode intensificar essa tendência.

Além disso, Trump planeja transferir o poder ao reclassificar funcionários federais, limitando a influência de especialistas, como cientistas, e aumentando o controle de indicados políticos. Isso poderia criar um sistema de patronagem que favorece uma abordagem de “vencedor leva tudo” no governo.

Embora a administração Biden tenha tomado medidas para fortalecer as regras de integridade científica e proteger os funcionários federais, observadores apontam que as políticas de agências podem ser revertidas facilmente por uma nova administração, representando um obstáculo temporário.

Com a proximidade das eleições presidenciais de 2024, a comunidade científica nos EUA está atenta às implicações potenciais de um segundo mandato de Trump, temendo os impactos duradouros nas políticas científicas e na independência profissional no governo.

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