No ano de 2023, foi registrado o ano mais quente no planeta desde o início dos registros em 1850, de acordo com dados divulgados pelo serviço europeu de mudança climática Copernicus. A temperatura média global foi de 14,98°C, aproximadamente 1,5°C acima da média do período pré-industrial, que compreende os anos de 1850 a 1900.

Os dados revelam que todos os 365 dias de 2023 foram pelo menos 1°C mais quentes do que a média calculada entre 1850 e 1900, e quase metade desses dias registrou temperaturas 1,5°C acima desse padrão. Destaca-se que, pela primeira vez, em 17 e 18 de novembro do ano passado, foram registradas temperaturas mais de 2°C acima da média da segunda metade do século XIX.

O ano de 2023 superou o recorde anterior estabelecido em 2016, com uma temperatura média de 14,98°C, 0,17°C acima do recorde anterior. Além disso, a média do ano passado foi 0,60°C superior à média do período de 1991 a 2020. A Organização Mundial de Meteorologia (WMO) também confirmou esses dados, destacando que a temperatura de 2023 foi 1,45°C superior à média do período pré-industrial.

Os meses entre junho e dezembro de 2023 foram particularmente quentes, sendo os mais quentes da história moderna em comparação com os mesmos meses ao longo dos últimos 172 anos. O serviço Copernicus observou que a maioria dos dias do ano passado com temperatura média 1,5°C acima da época pré-industrial ocorreu nesse período.

A concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), principais gases de efeito estufa, continuou a aumentar em 2023, atingindo 419 partes por milhão (ppm) para o CO2 e 1.902 partes por bilhão (ppb) para o CH4.

A meteorologista argentina Celeste Saulo, secretária-geral da WMO, enfatizou a urgência de tomar medidas para enfrentar as mudanças climáticas, reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa e acelerar a transição para fontes de energia renovável. O director do serviço Copernicus, o físico italiano Carlo Buontempo, destacou a necessidade urgente de descarbonizar a economia para enfrentar os riscos climáticos.

O Acordo do Clima de Paris, assinado por quase 200 países em 2015, visa limitar o aumento do aquecimento global neste século a 2°C em relação à temperatura média da sociedade pré-industrial, com a preferência de não ultrapassar 1,5°C. No entanto, dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que o limite de 1,5°C foi igualado e ultrapassado em grande parte do ano passado.

O Brasil também enfrentou extremos climáticos, com 2023 sendo o ano mais quente desde 1961, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A média das temperaturas foi de 24,92°C, superando o recorde anterior de 2015.

Além das mudanças climáticas globais, o fenómeno natural El Niño foi apontado como um factor importante nos recordes de calor registrados desde o ano passado. Desde meados de 2023, um El Niño de intensidade moderada-forte ocorre no oceano Pacífico Equatorial, alterando os padrões de temperatura e chuvas em várias partes do mundo.

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