Desenvolvimento Tecnológico na Luta Contra Vírus Zika e Chikungunya

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Zika e Chikungunya
Zika e Chikungunya

Um estudo recente publicado nos “Cadernos de Saúde Pública” da Fundação Oswaldo Cruz(Brasil )analisou até que ponto os avanços científicos obtidos durante as epidemias de vírus Zika e Chikungunya resultaram em avanços tecnológicos efectivos para combater essas doenças. O estudo destacou que, apesar do conhecimento gerado, a transformação desse conhecimento em tecnologias acessíveis e amplamente disponíveis para a população enfrentou desafios significativos.

A pesquisa, conduzida pela biotecnologista Maria da Conceição Rodrigues Fernandes durante seu mestrado profissional em propriedade intelectual na Universidade Federal Rural do Semiárido, utilizou ferramentas como o software Orbit Intelligence para rastrear patentes em escala global e a base de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Os resultados revelaram que, embora muitas patentes relacionadas ao vírus Zika tenham sido depositadas (178 registros em 2017), bem como para a Chikungunya (264 patentes recuperadas), poucas dessas inovações realmente chegaram ao mercado.

A análise também abordou produtos de saúde relacionados a essas doenças. Usando a base de dados Integrity e as consultas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil (Anvisa), foram identificadas 358 drogas e produtos biológicos para o Zika, com a maioria ainda na fase pré-clínica. Para a Chikungunya, foram encontradas 192 drogas e biológicos, mas apenas uma droga antiviral chamada molnupiravir, que inibe a replicação do vírus, chegou ao mercado com aplicação efectiva.

É notável que apesar do investimento em pesquisa e desenvolvimento, a transformação desses esforços em soluções práticas e acessíveis é complexa. Barreiras como elevados investimentos, dificuldades na realização de ensaios clínicos e a regulação pelas agências de controle têm dificultado a tradução dessas inovações em produtos eficazes e amplamente disponíveis.

A pandemia de Covid-19 destacou ainda mais a importância de uma cooperação internacional eficaz para o desenvolvimento e disseminação de tecnologias de saúde. A pesquisa também ressalta como as doenças tropicais, muitas vezes afectando populações negligenciadas, enfrentam obstáculos adicionais para a transformação do conhecimento científico em inovações tangíveis e acessíveis.

No contexto brasileiro, Luiz Carlos Dias, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), enfatizou que a percepção de risco é crucial para atrair investimentos em desenvolvimento. Além disso, ele mencionou que a tradição de cooperação internacional na área de desenvolvimento de medicamentos e vacinas ainda precisa ser fortalecida no Brasil.

Esse estudo revela a necessidade contínua de superar os obstáculos regulatórios, financeiros e de colaboração para garantir que o conhecimento científico seja transformado em soluções eficazes e acessíveis que beneficiem a população de maneira abrangente.

Fonte: Pesquisa FAPESP https://revistapesquisa.fapesp.br/entraves-para-gerar-inovacoes/

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