Cientistas e ambientalistas nos Estados Unidos expressam preocupação face à nomeação de Lee Zeldin como líder da Agência de Proteção Ambiental (EPA), anunciada pelo presidente eleito Donald Trump. A decisão, que sinaliza uma nova direcção para a política ambiental do país, suscita receios de um desmantelamento das regulamentações conquistadas nos últimos anos.
Lee Zeldin, ex-representante do Congresso, tem um histórico controverso em relação às questões ambientais. Embora tenha apoiado medidas para regulamentar alguns produtos químicos nocivos conhecidos como PFAS, Zeldin também alinhou-se com iniciativas que favorecem a indústria de petróleo e gás, votando contra restrições à perfuração offshore. O novo líder da EPA prometeu impulsionar o “domínio energético” dos Estados Unidos, reiterando o compromisso da administração Trump com políticas pró-indústria.
Tom Burke, ex-conselheiro científico da EPA, descreve o clima actual como “um segundo acto que pode intensificar ainda mais as tácticas já prejudiciais” adoptadas durante o primeiro mandato de Trump. Sob a sua administração anterior, cortes no orçamento da EPA e interferências políticas nos processos científicos abalaram a confiança na agência. Cientistas da EPA temem uma repetição desses episódios, com potenciais impactos negativos sobre a saúde pública e o meio ambiente.
O Projecto 2025, um plano político elaborado pela Fundação Heritage, oferece uma antevisão preocupante. O documento defende o enfraquecimento da pesquisa científica dentro da EPA e a remoção de esforços para abordar desigualdades ambientais que afetam comunidades vulneráveis. Jennifer Orme-Zavaleta, ex-chefe interina do Escritório de Pesquisa e Desenvolvimento da EPA, alerta que a implementação dessas propostas poderia comprometer a capacidade da agência de proteger a população.
Grupos ambientais, como o Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, apelam para uma mobilização contra estas mudanças. Linda Birnbaum, toxicologista e ex-directora do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental, sublinha que as comunidades mais pobres serão as mais afectadas pelas políticas menos restritivas.
A nomeação de Zeldin marca um ponto crítico para a ciência ambiental nos Estados Unidos, colocando em jogo anos de avanços na protecção ambiental e justiça social.