Por que Newton é considerado um dos maiores cientistas da história?

 

A figura de Sir Isaac Newton (1642–1727) ocupa um lugar incontestável na história da ciência. A sua obra mudou para sempre o panorama do conhecimento humano, oferecendo explicações rigorosas a fenômenos que, até então, se apoiavam em conjecturas filosóficas e interpretações pouco sistemáticas. Vários fatores conjugam-se para que Newton seja hoje lembrado como um dos maiores cientistas de todos os tempos: a formulação das leis da mecânica, o desenvolvimento do cálculo matemático, as contribuições à óptica e a forma inovadora como uniu teoria e experimentação.

Desde muito jovem, Newton revelou extraordinária capacidade de observação e de análise. Quando ainda era estudante na Trinity College, em Cambridge, as suas reflexões sobre a gravidade — inspiradas na clássica história da maçã que cai — levaram-no a questionar o comportamento dos corpos celestes e terrestres de forma nunca antes tentada. Entre 1665 e 1667, período em que a Universidade fechou temporariamente devido à Peste Negra, Newton regressou à sua casa de campo em Woolsthorpe, onde iniciou os cálculos que viriam a compor a sua obra-prima, Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica (1687).

Nesse livro, Newton expôs três leis fundamentais da mecânica, capazes de prever com precisão o movimento de qualquer objeto, desde uma pedra arremessada até os planetas que orbitam o Sol. A Primeira Lei, ou Lei da Inércia, estabelece que um corpo em repouso ou em movimento uniforme prossegue nesse estado a menos que uma força externa atue sobre ele. A Segunda Lei introduz o conceito de força resultante como produto da massa pela aceleração (F = m·a). A Terceira Lei, muitas vezes formulada como “a toda ação corresponde uma reação igual e contrária”, explica as interações entre corpos. Essas leis forneceram a base para a Revolução Científica que se seguiu, permitindo aos físicos posteriores descreverem fenômenos com base em equações matemáticas e métodos experimentais.

Paralelamente, Newton inventou, em conjunto com Leibniz, o cálculo diferencial e integral, ferramenta matemática fundamental para descrever mudanças contínuas — sejam elas de posição, velocidade ou acumulação de área sob uma curva. Embora a prioridade da invenção desse cálculo tenha levado a debates acalorados entre escolas europeias, o seu legado tornou-se indispensável para a física, a engenharia, a astronomia e, mais tarde, para a economia e as ciências biológicas.

Na área da óptica, Newton demonstrou que a luz branca é composta por um espectro de cores. Usando um prisma, mostrou que a luz se decompõe em várias cores distintas, provando que essas cores não são propriedades impostas pelo prisma, mas sim constituintes da própria luz. Publicou as suas descobertas em Opticks (1704), obra que inclui experimentos sobre refração, reflexão e difração, estabelecendo as bases para o desenvolvimento dos telescópios modernos e da espectroscopia.

Outro aspeto que distingue Newton foi a sua abordagem sistemática à investigação: propôs hipóteses, concebeu experiências de controlo e validou teorias por meio de testes rigorosos. Essa aliança entre matemática, observação cuidadosa e experimentação criou um modelo de trabalho científico mais sólido e replicável, que permanece no cerne do método científico atual.

O impacto das contribuições de Newton é inegável. A mecânica clássica regeu a compreensão do Universo até ao início do século XX, quando Einstein e a mecânica quântica introduziram novos paradigmas. Ainda assim, as leis de Newton continuam a ser ensinadas nas escolas e aplicadas no design de aviões, navios, veículos espaciais e infraestruturas. O seu cálculo matemático permanece como base para o desenvolvimento de tecnologias modernas, desde o processamento de sinais digitais até a modelagem do clima.