Como os romanos faziam cimento que dura mais do que o nosso?

Algumas estruturas da Roma Antiga continuam de pé após mais de dois mil anos, resistindo a sismos, marés e ao passar do tempo. O segredo não está apenas na arte de construir, mas sobretudo no cimento que usavam — um material tão durável que intriga engenheiros até hoje.

Enquanto muitos edifícios modernos apresentam fissuras e degradação em poucas décadas, construções como o Panteão de Roma ou os aquedutos ainda impressionam pela sua robustez. Afinal, o que sabiam os romanos que esquecemos com o tempo?

Por que as construções romanas resistem há milênios enquanto as modernas apresentam desgaste mais rápido? A resposta está no cimento. Ao contrário do nosso, o cimento romano, especialmente o feito com Pozzolana (cinzas vulcânicas), tinha uma composição química única que lhe conferia uma durabilidade e resistência inigualáveis. Esta matéria explora os métodos e os materiais que permitiram aos romanos criar um legado arquitetónico que continua a impressionar pela sua longevidade.
Por que as construções romanas resistem há milênios enquanto as modernas apresentam desgaste mais rápido? A resposta está no cimento. Ao contrário do nosso, o cimento romano, especialmente o feito com Pozzolana (cinzas vulcânicas), tinha uma composição química única que lhe conferia uma durabilidade e resistência inigualáveis. Esta matéria explora os métodos e os materiais que permitiram aos romanos criar um legado arquitetónico que continua a impressionar pela sua longevidade.

O ingrediente especial: pozolana

O cimento romano não era feito como o cimento moderno (à base de clínquer). A sua fórmula incluía:

  • Cinzas vulcânicas (pozolana)

  • Cal viva (óxido de cálcio)

  • Fragmentos de pedra ou tijolo (agregado)

A pozolana, extraída de regiões próximas ao Vesúvio, reagia com a cal em presença de água, formando um composto que continuava a reforçar-se com o tempo. Essa mistura produzia uma pasta capaz de endurecer mesmo debaixo de água — ideal para portos e fundações marítimas.

Autocura: o segredo inesperado do cimento romano

Estudos recentes revelaram que o cimento romano tem uma capacidade de “autocura”. Quando surgem pequenas fissuras, a presença de cal não totalmente reagida permite que o material se regenere ao contacto com água, selando naturalmente as aberturas.

Este fenómeno é chamado de recarbonatação. Ao contrário do cimento moderno, que perde eficiência com o tempo, o romano torna-se mais forte.

Tecnologia esquecida — ou ignorada?

Durante séculos, a fórmula do cimento romano foi esquecida. Com a industrialização, passou-se a valorizar a rapidez e o baixo custo de produção, o que levou ao abandono de técnicas antigas mais duradouras, mas mais lentas.

Hoje, com a preocupação ambiental e os custos da manutenção urbana, a engenharia começa a revisitar os saberes antigos para desenvolver materiais mais sustentáveis e resistentes.

O que podemos aprender com eles?

  • Durabilidade a longo prazo deve ser mais valorizada que a rapidez na construção.

  • A combinação entre ciência e observação empírica pode oferecer soluções surpreendentes.

  • A arqueologia pode ser uma aliada da inovação tecnológica — desde que saibamos escutar o passado.

O cimento romano não é apenas uma curiosidade antiga. É um lembrete de que o progresso nem sempre é linear — e que, por vezes, os antigos estavam muito à frente do seu tempo.