Cientistas revelam como o vírus da herpes manipula o ADN das células humanas em poucas horas

 


Um estudo recente revelou que o vírus da herpes simples tipo 1 (HSV-1) consegue alterar profundamente a estrutura do ADN das células humanas apenas oito horas depois da infecção. A investigação, publicada na revista Science Advances e divulgada pelo portal ScienceNews.org, mostra como o vírus reorganiza o núcleo celular para favorecer a sua própria replicação, uma descoberta que poderá abrir caminho a novos tratamentos antivirais mais eficazes.

A equipa de investigadores utilizou técnicas de imagem de alta resolução para observar, em tempo real, as alterações provocadas pelo HSV-1 no interior do núcleo das células infectadas. Em poucas horas, o vírus modifica a arquitetura do genoma humano, reestruturando os domínios do ADN de modo a criar espaços onde pode multiplicar-se com maior eficiência.

Estas alterações ocorrem de forma coordenada, levando a uma “remodelação” do núcleo celular. As zonas do genoma mais activas em termos de transcrição são reorganizadas para libertar espaço para os complexos de replicação do vírus. Segundo os investigadores, trata-se de um processo altamente sofisticado, que transforma a célula num verdadeiro “laboratório” de produção viral.

O HSV-1 é responsável por infecções muito comuns, como as feridas nos lábios, mas também está associado a complicações mais graves, incluindo encefalite e infecções oculares severas. Em Angola, onde o acesso a diagnósticos laboratoriais é ainda limitado, o conhecimento aprofundado sobre o funcionamento destes vírus torna-se fundamental para desenvolver estratégias de prevenção e combate mais eficazes.

A descoberta tem implicações directas na forma como os cientistas poderão, no futuro, combater infecções virais. Ao compreender melhor como o vírus manipula o genoma humano, será possível desenvolver medicamentos que bloqueiem essas alterações estruturais, impedindo o vírus de se replicar ou dificultando a progressão da infecção.

Além disso, o estudo fornece pistas valiosas sobre como outros vírus — como os da família dos herpesvírus, que incluem também o vírus Epstein-Barr e o citomegalovírus — poderão actuar de maneira semelhante, manipulando o ADN das células humanas para benefício próprio.

Com base nestes dados, os investigadores estão já a testar compostos capazes de interferir no processo de reorganização nuclear induzido pelo vírus, abrindo uma nova linha de investigação no desenvolvimento de antivirais de nova geração.

Num país como Angola, onde os desafios de saúde pública incluem infecções virais recorrentes e subdiagnosticadas, a aplicação de avanços científicos como este pode representar um passo importante na direcção de uma medicina mais preventiva, precisa e adaptada à realidade nacional.


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