As mulheres cientistas continuam a ser significativamente sub-representadas em vários países da África Central, como o Chade (3,4%), a República Democrática do Congo (8,7%), a Guiné (9,8%) e a República do Congo (12,8%). Neste contexto, a parasitologista e epidemiologista Francine Ntoumi tem liderado esforços para alterar este cenário e aumentar o número de mulheres na ciência.
Ntoumi, que é professora na Universidade Marien-Ngouabi, na República do Congo, tem sido uma defensora incansável da promoção de mulheres na ciência ao longo dos seus 30 anos de carreira. Em 2014, criou a Fundação Congolesa para a Investigação Médica (FCRM), com o objetivo de capacitar mulheres a ingressarem e prosperarem no mundo científico. Ntoumi também foi a primeira africana a liderar o secretariado da Iniciativa Multilateral sobre a Malária e a primeira mulher da África Subsaariana a receber o prémio de investigação Georg Foster.
Em entrevista à Nature Africa, Ntoumi sublinha a importância de “fazer da investigação uma ambição feminina”, destacando que o envolvimento de mulheres em equipas de investigação resulta em progressos significativos. “Precisamos de mudar os estereótipos que associam a ciência exclusivamente aos homens”, afirma.
Desafios para Mulheres Cientistas na África Subsaariana
Segundo Ntoumi, a sub-representação feminina nas ciências na África Subsaariana deve-se a vários fatores, entre eles questões políticas e institucionais. “Muitos países adoptaram políticas de ciência, tecnologia e inovação, algumas visando aumentar a participação das mulheres, mas raramente são implementadas. Os preconceitos de género e a ausência de programas específicos continuam a ser barreiras significativas”, afirma a cientista.
O Papel da FCRM no Apoio às Mulheres Cientistas
Para combater essa desigualdade, Ntoumi fundou a FCRM, que implementou o programa “Mulheres e Ciências”, em 2014, com o objetivo de promover a ciência entre as jovens e incentivar mais mulheres a seguirem essa carreira. O programa inclui campanhas de sensibilização, bolsas de estudo para mestrado e prémios de incentivo para cientistas congolesas.
Além disso, em colaboração com a Fundação Bayer, a FCRM organizou a primeira edição sub-regional das bolsas “Mulheres e Ciências”, destinadas a estudantes de doutoramento e mulheres cientistas de vários países da África Central.
Com este programa, Ntoumi espera aumentar a presença feminina nas ciências e incentivar mais mulheres a liderarem investigações que poderão transformar o futuro da África Central.