Uma nova pesquisa está a desafiar a ideia comum de que o cérebro humano tem circuitos dedicados à luta ou fuga. Essa visão sugere que, ao perceber uma ameaça, nosso cérebro simplesmente ativa respostas de sobrevivência. No entanto, estudos recentes indicam que a principal função do cérebro é prever situações e reduzir a incerteza em um mundo em constante mudança.
Quando as pessoas veem imagens assustadoras, como aranhas ou cobras, certas áreas do cérebro, como a substância cinzenta periaquedutal (PAG), ficam ativas. A ideia era que essa área controlasse reações de medo. Porém, investigações mais profundas mostram que o PAG também desempenha um papel importante na regulação de funções corporais, independentemente de haver uma ameaça presente.
Outra crença antiga é a do “cérebro trino”, que propõe que o cérebro humano se desenvolveu em camadas, onde as camadas mais profundas controlariam instintos e emoções, enquanto as camadas superiores seriam responsáveis pela razão. Essa noção foi questionada, já que estudos mostraram que mamíferos, como os camundongos, têm neurônios muito semelhantes aos humanos. Isso sugere que todos os mamíferos compartilham uma estrutura cerebral mais complexa do que se pensava.
Experimentos com camundongos também revelaram comportamentos interessantes. Quando se deparam com possíveis perigos, eles não apenas fogem ou congelam. Em vez disso, frequentemente exploram o ambiente, buscando mais informações antes de reagir. Isso reflete uma estratégia para entender melhor a situação e reduzir a incerteza, em vez de apenas reagir instintivamente.
A pesquisa sugere que nosso cérebro não apenas responde ao que acontece ao nosso redor, mas também prevê eventos futuros com base em experiências passadas. Por exemplo, ao ver alguém se preparando para espirrar, nosso cérebro já se prepara para evitar o momento. Essa capacidade de antecipação é uma habilidade fundamental que nos ajuda a nos movermos pelo mundo de maneira mais eficaz.
Compreender como o cérebro funciona para lidar com riscos e incertezas pode ser especialmente útil em tempos difíceis, como crises políticas, pandemias ou mudanças climáticas. Em um mundo repleto de informações e incertezas, essa compreensão nos ajuda a gerenciar o estresse e a ansiedade que fazem parte da vida moderna.
Em resumo, a ideia de que nosso cérebro simplesmente luta ou foge é simplista. Em vez disso, nosso cérebro está constantemente tentando prever e entender o mundo, ajudando-nos a tomar decisões mais informadas e adaptadas às nossas necessidades.